CARTOGRAFIA NA FORMAÇÃO EM ODONTOLOGIA: UM ESTUDO DE CASO
Palavras-chave:
cartografia, problematização, aprendizagem, ensino em OdontologiaResumo
O ensino em Odontologia enfrenta desafios, que exigem abordagens de aprendizagem mais complexas, com a perspectiva de sensibilização humanística e social dos estudantes e professores. Formar, como estratégia de intervenção coletiva, para a produção de mudanças, nas atuais condições de trabalho e de ensino em saúde, impõe que se utilizem dispositivos cognitivo/pedagógicos que devem ser criados e desenvolvidos, considerando as especificidades de cada realidade e instituição. Para formar a ação do estudante e transformar a ação do professor é essencial a qualificação da escuta e da fala, da escrita e da comunicação, no processo de ensino/aprendizagem, na dimensão do cuidado em saúde. Objetivo: cartografar o trabalho realizado com estudantes, no agenciamento da aprendizagem conectada com a saúde coletiva e as políticas de subjetividade. Método: trabalhar com 44 discentes recém-ingressos na Faculdade de Odontologia da UFRGS, durante um semestre, pelo dispositivo da problematização. As ferramentas usadas como recurso de cogniçãoinventiva foram: as biografias/biografemas, os diários, as conversas em grupo, o questionário semiaberto, o fórum virtual de educação à distância, os relatórios dos estudantes sobre as visitas às Unidades Básicas de Saúde e as anotações da professora. As ferramentas foram sendo introduzidas à medida que se faziam oportunas, para intensificar a transversalidade, pelo aumento da comunicação, da participação e ativação da aprendizagem. Resultados e Discussão: a análise na cartografia é, a um só tempo, a de descrever, intervir e criar efeitos de subjetividade. As narrativas em análise permitem compreender a aprendizagem potencializada pela escrita, pelo aumento da comunicação entre colegas e entre aluno e professor, no agenciamento da saúde coletiva e das políticas de subjetividade. As biografias expressaram o esforço para entrar na universidade pública, os interesses, as crenças, a influência familiar e cultural, as dúvidas quanto a escolha do curso, a determinação para prosseguir e a esperança de uma vida feliz. Os biografemas trouxeram a introdução da alteridade pela escritura criativa no cruzamento das histórias de vida e das fotografias. Os diários facilitaram a manifestação do entendimento e as incompreensões racionais e afetivas sobre as políticas públicas de saúde, discutidas em aula, e intensificaram a atenção ao próprio processo de aprendizagem. As conversas em quatro grupos problematizaram a relação entre os colegas, com professores e com a comunidade próxima à faculdade, objeto de pesquisa que realizaram em trabalho de grupo para os seminários de integração interdisciplinar. O fórum, usado como mediação cognitiva/interacional durante 20 dias, ampliou o diálogo entre todos os participantes, favoreceu a autonomia e a troca de saberes em um processo de produção coletiva de conhecimento. O questionário problematizou o cuidado-de-si em 15 questões semiabertas sobre: como foram cuidados, como cuidar, como se cuidam, como gostam de serem cuidados e os locais onde costumam ser atendidos e assistidos. Os relatórios, mais descritivos sobre as unidades básicas de saúde visitadas em grupos, expressaram menos as afetações que as vivências despertaram. As anotações da professora serviram de registro de questionamentos e de reflexão sobre os próprios sentimentos frente às vivências dessa experiência de ensino e aprendizagem. Conclusão: a cartografia, como pesquisa-intervenção, intensifica o agenciamento na perspectiva da saúde coletiva, da produção subjetiva do cuidado em saúde, na interface do território acadêmico e a sociedade, para a produção do conhecimento no ensino em Odontologia.
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